domingo, 31 de julho de 2011

Em nome do amor: 900 casais que celebraram a união civil em casamento coletivo do Projeto Cidadão na Expoacre 2011


A etapa do Projeto Cidadão realizado pelo Tribunal de Justiça do Acre, com o tradicional Casamento Coletivo da Expoacre 2011, nesta sábado, 30, usou o Ginásio do SESI como palco da cerimônia, que reuniu 900 casais que celebraram a união civil. O evento, que este ano completa 16 anos, é uma junção de histórias de vida, resignação e fé em dias melhores para os casais que vêem na instituição casamento, a oportunidade de cidadania e benção para vivência de acordo com a lei de Deus.
Com direito a palavras de fé de representantes evangélicos e católicos, os casais contaram com atenção especial do TJ Acre, que foi minucioso nos detalhes, com bonita decoração e sonorização musical de dar inveja a qualquer grande evento da alta sociedade. A cerimônia civil foi presidida pelo Juiz Marcelo Badaró.
Em meio à emoção dos casais, as história de vidas de pessoas humildes se cruzam e se unem em torno de um mesmo sonho. Entre os casais que disseram “SIM” neste sábado, dois chamaram a atenção. O casal mais jovem, formado por Jomar Felix, 25, e Francimara Magda, 16, que levaram a filha Ester, de apenas um mês e meio de vida para testemunhar o amor entre ambos. Outro casal que se destacou foi o formado pelo soldado da borracha, Raimundo Correia, 78, e Maria Helena, 68. Eles receberam a certidão de casamento das mãos do presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargado Adair Longuini.
A reportagem conversou com os  dois casais, que apesar de diferença de idade, tem histórias de vidas parecidas, pela luta travada pela sobrevivência. O ex-seringueiro e o pintor se emocionaram com as homenagens realizadas pelas autoridades do judiciário.
Com a filha nos braços, Jomar Felix disse que apesar de o sábado ser o dia mais importante de sua vida, teve que trabalhar duro até poucas horas antes da cerimônia. “Tive um dia duro. Trabalhei até as 4h para depois de o casamento ter um dinheiro para comemorar esta data,” revelou. Ele além de fazer pinturas de paredes e abertura de letreiros, neste sábado precisou fazer outros bicos para complementar a renda. “Tenho uma filha, a Ester, minha luz, por isso preciso batalhar muitos”, diz olhando fixamente para o bebê. Jomar e Francimara informaram que entre o namoro e o casamento, estão juntos a pouco mais de um ano e meio, mas que se conhecem desde a infância. Neste meio tempo, sem condições financeiras de realizar um casamento, optaram pela proposta do TJ Acre.
Já a história do senhor Raimundo Correia, o jovem de 78 anos, se confunde com a vida dura levada nos seringais do Acre. Conta ele que desde muito pequeno teve que ajudar o pai, recrutado no Nordeste, para servir como soldado da borracha nas florestas acreanas.
Exultante com a oportunidade de oficializar a união com a senhora Maria Helena de 68 anos, Raimundo foi filosófico: “Tudo acontece ao seu tempo. Estamos casando agora, por que este é o momento certo; tinha que ser assim, aliás, Deus é quem quer assim”.
Perguntando a qual veículo de comunicação estava dando declarações, Raimundo Correia aproveitou a oportunidade para fazer um protesto sobre a situação dos soldados da borracha no Acre, que segundo ele, vivem esquecidos pelo governo federal.
“Gostaria de pedir pra vocês mostrarem a situação em que nós, soldados da borracha, vivemos. Moro no bairro Belo Jardim, numa pequena casa que poderia ser melhorada se o governo brasileiro pagasse o dinheiro de nossas indenizações. Põe isso no jornal, meu filho!”, pediu o ex-seringueiro como presente de casamento.
Ao final da cerimônia civil, os jovens e experientes casais se reuniram no campo de futebol, anexo ao Ginásio do SESI, para receber as certidões e felicitações de parentes e amigos.
O evento aconteceu fora do espaço do parque de exposições pela falta de estrutura do local.
Matéria:Ray Melo, da redação de ac24horas

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