A Quinta-feira Santa ou Quinta-feira de Endoenças é a quinta-feira imediatamente anterior à Sexta-feira da Paixão, da Semana Santa.
Este
dia marca o fim da Quaresma e o inicio do Tríduo pascal na celebração
que relembra a ultima ceia de Jesus Cristo com os doze Apóstolos.
Na
Quinta-Feira de Endoenças, Cristo ceou com seus apóstolos, seguindo a
tradição judaica do Sêder de Pessach, já que segundo esta deveria
cear-se um cordeiro puro; com o seu sangue, deveria ser marcada a porta
em sinal de purificação; caso contrário, o anjo exterminador entraria
na casa e mataria o primogênito dessa família (décima praga), segundo o
relatado no livro do Êxodo. Nesse livro, pode ler-se que não houve uma
única família de egípcios na qual não tenha morrido o primogênito,
pelo que o faraó permitiu que os judeus abandonassem do Egito, e eles
correram o mais rápido possível à sua liberdade; o faraó rapidamente se
arrependeu de tê-los deixado sair, e mandou o seu exército em
perseguição dos judeus, mas Deus não permitiu e, depois de os judeus
terem passado o Mar Vermelho, fechou o canal que tinha criado, afogando
os egípcios. Para os católicos, o cordeiro pascoal de então passou a
ser o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da
humanidade e dado como alimento por meio da hóstia.
A
quinta-feira santa e sempre lembrda, por um calendário em que varia
cada ano para buscar a coincidência da Semana Santa com a primeira lua
cheia posterior ao equinócio de outono.
A QUINTA FEIRA SANTA
A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar
concretamente no misterio da Paixão de Cristo, já que quem deseja
seguí-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser
espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.
E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idôneo da
vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando
decide lavar os pés dos seus discípulos.
Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus 'sabendo que o
Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava', mas
que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os
discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma
acolhida inalcansável.
São Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades
cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de
Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho
que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que
queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando
assim instituída a Eucaristía.
A Santa Missa é então a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, um
dia como hoje, na véspera da su paixão, "enquanto ceava com seus
discípulos tomou pão..." (Mt 26, 26).
Ele quis que, como em sua última Ceia, seus discípulos se reunissem e se
recordassem dEle abençoando o pão e o vinho: "Fazei isto em memória de
mim" (Lc 22,19).
Antes de ser entregue, Cristo se entrega como alimento. Entretanto,
nesta Ceia, o Senhor Jesus celebra sua morte: o que fez, o fez como
anúncio profético e oferecimento antecipado e real da sua morte antes da
sua Paixão. Por isso "quando comemos deste pão y bebemos deste cálice,
proclamamos a morte do Senhor até que ele volte" (1Cor 11, 26).
Assim podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial não tanto da Última
Ceia, e sim da Morte de Cristo que é Senhor, e "Senhor da Morte", isto
é, o Resuscitado cujo regresso esperamos de acordo com a promessa que
Ele mesmo fez ao despedir-se: "Um pouco de tempo e já não me vereis,
mais um pouco de tempo ainda e me vereis" (Jo 16, 16).
Como diz o prefácio deste dia: "Cristo verdadeiro e único sacerdote, se
ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda
em sua comemoração". Porém esta Eucaristia deve ser celebrada com
características próprias: como Missa "na Ceia do Senhor".
Nesta Missa, de maneira diferente de todas as demais Eucaristias, não
celebramos "diretamente" nem a morte nem a ressurreição de Cristo. Não
nos adiantamos à Sexta-feira Santa nem à noite de Páscoa.
Hoje celebramos a alegria de saber que esta morte do Senhor, que não
terminou no fracasso mas no êxito, teve um por quê e um para quê: foi
uma "entrega", um "dar-se", foi "por algo"ou melhor dizendo, "por
alguém" e nada menos que por "nós e por nossa salvação" (Credo).
"Ninguém a tira de mim,(Jesus se refere à sua vida) mas eu a dou
livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la." (Jo 10,
18), e hoje nos diz que foi para "remissão dos pecados" (Mt 26, 28c).
Por isso esta Eucaristia deve ser celebrada o mais solenemente possível,
porém, nos cantos, na mensagem, nos símbolos, não deve ser nem tão
festiva nem tão jubilosamente explosiva como a Noite de Páscoa, noite em
que celebramos o desfecho glorioso desta entrega, sem a qual tivesse
sido inútil; tivesse sido apenas a entrega de alguém mais que morre
pelos pobres e não os liberta. Porém não está repleta da solene e
contrita tristeza da Sexta-feira Santa, porque o que nos interessa
"sublinhar" neste momento, é que "o Pai entregou o Seu Filho para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3, 16) e que
o Filho entregou-se voluntariamente a nós apesar de que fosse através
da morte em uma cruz ignominiosa.
Hoje há alegria e a Igreja rompe a austeridade quaresmal cantando o
"glória": é a alegria de quem se sabe amado por Deus; porém ao mesmo
tempo é sóbria e dolorida, porque conhecemos o preço que Cristo pagou
por nós.
Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor por Ele. Entretanto
predomina o gozo porque no amor nunca podemos falar estritamente de
tristeza, porque aquele que dá e se entrega con amor e por amor, o faz
com alegria e para dar alegria.
Podemos dizer que hoje celebramos com a liturgia (1a. Leitura) a Páscoa.
Porém a da Noite do Êxodo (Ex 12) e não a da chegada à Terra Prometida
(Js 5, 10-ss).
Hoje inicia a festa da "crise pascoal", isto é, da luta entre a morte e a
vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte, mas sim combatida
por ela. A noite do sábado de Glória é o canto à vitória, porém tingida
de sangue, e hoje é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é
o amor.
Fonte: pt.wikipedia.org/acidigital.com