Maus tratos, falta leitos e péssimas condições estruturais. Esta é a situação do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, que durante o sábado, 17, foi alvo de denúncias de parentes de pacientes revoltados com o caos na unidade de saúde. O descontentamento dos pacientes foi amparado por profissionais da área médica.
Mesmo pedindo para que suas identidades não fossem reveladas pela reportagem, alguns médicos falaram da falta de estrutura da unidade de emergência. Segundo esses profissionais médicos, o esforço dos funcionários é coletivo, mas a estrutura disponibilizada pelo Estado não é a adequada para atender o grande número de pacientes em Rio Branco.
Atualmente o Huerb dispõe de cinco centros cirúrgicos, mas de acordo com o afirmações dos médicos que ali trabalham, apenas dois estão funcionando. Mais de 70 pessoas estariam na fila das cirurgias consideradas de urgencia, alguns dos pacientes com até 20 dias de internamento, nos corredores da unidade de saúde, por falta de leitos e materiais utilizados nos procedimentos.
A reportagem de ac24horas teve acesso no sábado, início da noite, a um dos corredores do Huerb, onde cerca de 10 pacientes eram medicados. No local, a falta de higiene era visível. Os pacientes e acompanhantes se alimentavam sentadas nas macas, com os lençóis desgastados e sujos de sangue e restos de alimentos. Por uma questão seguranças, a reportagem vai tratar as pessoas apenas pela letras iniciais de seus nomes.
Com o filho internado há cinco dias no Huerb, a servidora pública, M.J.C.A, faz um depoimento da peregrinação que fez nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), até chegar ao hospital de urgências. R.C.A. teria sofrido um acidente de moto no dia 04 deste mês, e já teria passado por todos os hospitais públicos da capital sem receber atendimento.
“No primeiro dia meu filho ficou em uma enfermaria. Já no dia seguinte, as enfermeiras levaram ele para o corredor, onde está há três dias”, declara a funcionária, que fez questão de eximir alguns funcionários, que segundo ela, se esforçam para prestar um bom atendimento, que não acontece pela falta de estrutura.
A servidora denunciou a falta de leitos e péssimas condições de atendimento, inclusive para um grande número de pacientes no setor de traumatologia. Segundo M.J., os pacientes estão sendo colocados nos corredores, sem nenhum tipo de conforto que uma pessoas enferma precisa. “Não existe condições de ligar nem um ventilador. Os pacientes estão ficando mais doentes, desdatrados…”.
SITUAÇÃO ESTRUTURAL
Macas velhas com colchões desgastados pelo tempo, corredores lotados, pacientes tomando soro sentados em qualquer coisa e acompanhante perambulando pelos setores médicos pela falta de acomodação adequada, além dos corredores desgastados, com paredes sujas, cumulando bactérias e fungos dos mais variados e perigosos possíveis. Este o cenário do setor conhecido como “trauminha”, no Huerb.
M.J.C.A. comparou o Huerb a uma obra de urbanização. “Não é querer fazer oposição, ou querer queimar o governo; até trabalhei para o PT balançando bandeiras nas esquinas, mas o Huerb, só tem uma bela fachada, depois da entrada isso aqui mais parece um depósito mal organizado, com pacientes espalhadas por todos os cantos”.
Um dos médicos que falou com a reportagem, disse que o projeto de reforma não adequou o setor de emergência para atender a demanda crescente de Rio Branco. A sala de emergência, segundo esse médico, só tem capacidade para atender 4 pacientes. “A sala é um perigo para saúde dos pacientes. Não tem sequer, uma janela”, diz o servidor.
O governador Tião Viana (PT), teria conhecimento da situação, de acordo com o médico. “Isso aqui é um absurdo. Se fosse minha mãe ou parente meu que fosse cair aí, Deus me livre. Isso é um depósito de gente. Trabalhamos com condições mínimas”, revela.
Os relatos sobre os problemas estruturais impressionam. A maioria dos respiradores artificiais da unidade de saúde estaria quebrada. De acordo com os servidores do Huerb, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não atende as necessidades. Outra denúncia seria na medicação dos pacientes da ala masculina.
Segundo outro médico que falou com a reportagem, o colega que é responsável pela ala masculina estaria apenas copiando as prescrições médicas do primeiro atendimento, levantando suspeitas, que durante todo o internamento de alguns pacientes, a medicação é repetida pelo período em que ele permanece internado.
E olha que esse atendimento já melhorou muito…
A reportagem tentou manter contato com a direção do Huerb, mas não obteve retorno, provavelmente devido ao horário.
Ray Melo/redação de ac24horas
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