Abandonado pela justiça, sem dinheiro
até para alimentação e sem qualquer tipo de assistência da Secretaria de
Direitos Humanos do Acre, o sul-africano Emmanuel Opok Sphiel, 51, uma
das principais testemunhas de acusação no caso Hildebrando Pascoal,
perambula pelas ruas do município de Brasiléia e diz que foi abandonado,
depois que as autoridades acrianas se promoveram politicamente e
conseguiram a condenação de Hildebrando Pascoal, que é acusado de
chefiar o esquadrão da morte no Acre.
O ex-motorista de Hildebrando Pascoal,
Emmanuel Opok Sphiel vive um verdadeiro drama na região de fronteira do
Alto Acre, onde foi deixado segundo ele, pelo ex-secretário de direitos
humanos do Acre, Henrique Corinto, que disponibilizou um carro para
leva-lo até a fronteira do Peru e o deixasse sem qualquer ajuda. Opok
teria procurado auxílio da pasta de direitos humanos, para conseguir
documentação e deixar o Brasil.
O sul-africano diz que foi usado de
forma política. De acordo com ele, magistrados e políticos do Acre, o
teriam procurado oferecendo vantagens e uma vida tranquila e o induziram
a prestar um depoimento que serviu de plataforma eleitoral a Jorge
Viana, Tião Viana, Marina Silva e demais políticos da Frente Popular.
“Hoje estão todos bem politicamente, somente eu que fui prejudicado e
vivo fugindo da morte”, declara Opok Sphiel.
Emmanuel Opok firma que foi desligado
do programa de proteção a testemunha, dois anos depois de receber o
benefício, passando a peregrinar em vários estados brasileiros. “Passei
mais de 10 anos, me escondendo de pistoleiros e escapei de três
tentativas de assassinato. A expectativa de uma vida tranquila se desfez
dois anos depois da condenação de Hildebrando Pascoal. Depois que
passaram dois meses sem mandar comida, liguei para o procurador-geral,
que disse apenas que me expulsaram dizendo que havia quebrado as regras
do programa”.
Em sua fuga pelo país, Sphiel disse
que passou pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco,
Piauí, Minas Gerais, Bahia, além de pequenos municípios, que disse não
recordar dos nomes.
Segundo informações divulgadas pelas
autoridades federais, Opok teria sido expulso do programa de proteção a
testemunhas, acusado de furto em São Paulo, uma das muitas cidades que
passou depois que saiu do Acre. O sul-africano se diz vítima de armações
e afirma ter sido manipulado pelo judiciário acriano e pelo governador
Jorge Viana (PT), à época, para condenar Hildebrando. “Fui descartado,
como uma laranja chupada, após o que eles alcançarem seus objetivos
políticos”, destaca.
Desde
que resolveu falar o que sabe sobre Hildebrando, para quem diz ter
trabalhado por quatro anos como motorista particular, Opok diz que foge
da morte e tentou sair do Brasil, como clandestino em um cargueiro, mas
foi descoberto em Recife. Depois de ser deixado na fronteira por um
veículo do Governo do Acre, tentou permanecer na Bolívia, mas foi
expulso pelas autoridades por não ter documentos.
Atualmente, o sul-africano vive de
doações do padre Crispim, da Diocese do município de Brasiléia. Nas idas
e voltas da vida, Emmanuel Opok, já foi preso e cumpriu pena acusado de
estelionato, foi expulso do Brasil e conseguiu a permanência. No
momento, não consegue tirar novos documentos, que de acordo com ele, são
negados pelas autoridades brasileiras. “Quero sair do Brasil, mas não
tenho documentos ou recursos para tira-los”, justifica.
O custo da documentação seria de R$
305, para poder normalizar sua situação e sair do País. “Tudo que
consegui das autoridades acrianas foi com que o ex-secretário dos
direitos humanos do Acre, Henrique Corinto, mandasse um carro me levar
até a fronteira do Peru e me deixasse sem qualquer ajuda. O ex-deputado e
atual secretário dos direitos humanos, Nilson Mourão, sequer me
atendeu, quando pedi ajuda”, desabafa Opok.
A testemunha do caso Hildebrando diz
que não quer mais ficar no Brasil pelo abandono das autoridades, que ele
ajudou e viraram as costas para ele, quando mais precisou de auxílio.
“Colaborei com a Justiça e com Governo do Acre, mas estou sendo
abandonado como um indigente pelos mesmos petistas que precisaram de meu
testemunho para incriminar Hildebrando Pascoal. Só preciso de ajuda
para retirar uma nova documentação e procurar um novo país, onde eu
possa recomeçar com dignidade”.
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