Entre as dezenas de pessoas que dormem na porta do Hospital das Clinicas, antiga Fundhacre, em Rio Branco, está o casal de aposentados, Ana Alves Silva, 75 anos e Geraldo Alves da Anunciação, 85 anos.
Ela tem uma enfermidade na perna e precisa urgentemente de atendimento médico. Para conseguir uma ficha na manhã desta segunda-feira, 5, o casal chegou às 16 horas, do domingo, 4, ou seja, mais de doze horas na porta do hospital, para tentar conseguir um exame. O hospital abre às 06 horas da manhã. Eles serão atendidos, possivelmente, às 07 horas.
“Trabalhei a vida inteira na agricultura, para criar meus filhos. Agora a gente tem que se submeter a essa situação”, reclama o aposentado que não conhece seus direitos previstos em lei. O Estatuto do Idoso prevê atendimento preferencial no serviço público a pessoas com idade acima de sessenta anos, o que não é cumprido. A cena do idoso e de outras pessoas dormindo na porta do prédio choca. A maioria delas chegou à unidade no dia anterior ao do atendimento.
“Vim aqui atrás de marcar um ortopedista, como é pouca ficha tem que chegar essa hora senão não consegue o exame”, diz Maria do Carmo, moradora no bairro Taquari, que chegou ao hospital às três da tarde.
Hospital das Clínicas suspende agendamento para crianças com complicações cardíacas
Quem tem criança com problema cardíaco e não tem condições de pagar um médico particular, deve esperar para ser atendido naquela unidade somente em janeiro. O aviso está numa das portas principais da unidade:
“Atenção avisamos aos pacientes que agendamento de ECO-INFANTIL irá abrir em janeiro de 2012”.
Outro descaso: a ordem de chegada é regulada pelos próprios pacientes, hospital não oferece plantonista para distribuir senhas
“Ao menos se eles abrissem para gente esperar atendimento do lado de dentro? Mas a gente tem que ficar aqui nessa humilhação. Nem banheiro eles deixam a gente usar. Até na chuva eu já fiquei aqui. Eles não abrem de jeito nenhum isso é uma maldade meu irmão”, diz o trabalhador braçal, Antonio José Barros, 42 anos, que foi a unidade em busca de agendamento com especialista em fisioterapia.
Há ainda pessoas que chegam de municípios, como o casal agricultor, Gilson Candido de Almeida e Francinete Bento da Silva, de Senador Guiomard, que também pernoitaram no ponto de ônibus da Fundhacre.
“Cheguei aqui às duas da tarde. A mulher tá com uma dor pelos braços, abdômen. Fazer o quê né, a gente não tem como pagar particular tem que esperar assim para ver se consegue primeiro”, relata o agricultor.
* A situação da saúde é precaria não só na capital, em Sena Madureira não fica pra trás, poucos médicos para muito atendimento e falta de vários materiais, inclusive muitas vezes a SAMU, não está apta para realizar o atendimento, tendo que outros veículos fazerem a condução de acidentados e doentes.
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