quarta-feira, 5 de junho de 2013

DESABAFO DE UM INTERNAUTA SOBRE A VIOLÊNCIA EM SENA MADUREIRA


Reagimos à proliferação de crimes de forma individualista: reforçamos nossa segurança pessoal, compramos alarmes, câmeras e aparelhos de última geração para vigiar nossos carros e casas. Mudamos hábitos para tentar escapar da mira dos bandidos. Evitamos tocar no assunto. Silenciamos talvez por apostar na tola superstição de que abordar o tema possa atrair para nós as tragédias das páginas policiais.
Dizemos a nós mesmos que o flagelo é de todo o Brasil. Tentamos fechar os olhos para a realidade de que a violência aqui é desproporcional à dimensão de nosso Município e de nossa população. Culpamos governos anteriores por terem feito migrar para cá comunidades que provavelmente nunca serão absorvidas pelo mercado de trabalho local, mas não nos perguntamos quais políticas públicas são concebidas hoje para enfrentar a condição de “ilha” cercada de desemprego e traficantes de drogas a que nossa cidade foi reduzida.
À frente do computador, não suportando a solitária perplexidade que me produzem as manchetes sobre a violência em Sena Madureira e adjacências, sucumbo à acolhedora pergunta, tão conhecida pelos usuários de redes sociais, bem como à expressão “compartilhar”, frequente no universo virtual e que convida ao desabafo: “No que você está pensando?”.
Como todo mundo, preferia não falar nisso, Facebook.  Mas já que você perguntou... Eu estou pensando há dias que não me lembro de ter sentido antes o perigo tão próximo de mim em Sena Madureira. Estou pensando, Facebook, que não tenho na memória registro dessa estranha associação violência-apatia. Desta vez, o marginal foi tão ousado que entrou em minha casa abriu a minha geladeira e levou quase tudo. Pensávamos estar a salvo em nossa casa. Mas foi um pensamento frustrado.
Eu estou pensando, Facebook, que em Sena Madureira não sinto a presença de uma força tarefa. Há um verdadeiro eclipse da autoridade estatal. Era de se esperar que o governo colocasse viaturas policiais nas ruas, mostrasse a face na TV para se solidarizar com as famílias das vítimas, apresentasse propostas para reduzir índices de criminalidade e tentasse acalmar a opinião pública. Quanto a nós, cidadãos, assistimos calados, sem surpresa ou comoção, à escalada da violência. Não há mobilizações, passeatas ou debates. Os infratores, estes parecem sentir-se tacitamente autorizados a atacar as pessoas, em qualquer hora do dia ou da noite.
Eu estou pensando, Facebook, que estamos caminhando a passos rápidos e firmes para um cenário de faroeste em plena Princesinha do Iaco.

 Estou pensando na Sena Madureira, no Brasil que nós, Estado e Sociedade, estamos construindo para nossos filhos num futuro tão tenebroso quanto próximo, prometer lutar contra a criminalidade crescente ou para apresentar soluções para melhorar a segurança pública, todos os dias se ouve falar.O que devo fazer? Facebook?

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