O Judiciário Acriano
pode não resolver todas as questões sociais – já que não é essa sua missão
principal –, mas sua atuação pode contribuir para aplacar problemas que surgem
na sociedade, como a violência.
Prova disso é que a
ação da Justiça reduziu a criminalidade no município de Sena Madureira –
distante aproximadamente 144 km da Capital Rio Branco.
Um trabalho
desenvolvido pela Vara da Infância e Juventude da Comarca tem alcançado
resultados significativos, especialmente em um aspecto crucial: a
ressocialização de menores infratores.
Boa parte deles
esteve envolvida naquilo que as autoridades apontaram como “uma guerra do
tráfico” em Sena Madureira.
Titular
da Vara Cível da Comarca de Sena Madureira - que também concentra a Vara da
Infância -, a juíza Andréa Brito assinalou as implicações ocorridas por meio da
atuação da Justiça. “2013 foi um ano de grandes desafios diante da violência
que ocorria no município, boa parte atribuída aos atos infracionais cometidos
por adolescentes. A apuração dos fatos e a imposição da medida socioeducativa
necessária foi importante para barrar o avanço da violência, mas as medidas
mais fundamentais foram travadas na seara da prevenção do ato infracional”,
explicou.
Para o delegado da
Polícia Civil Antonio Alceste, os números atestam que houve de fato uma
transformação no cotidiano da cidade a partir das ações implementadas pelo
Judiciário. "Antes de setembro do ano passado, a taxa de homicídio no
município era elevada, acontecia semanalmente e, em alguns períodos, até
diariamente. 90% desses assassinatos eram relacionados à execução de
traficantes envolvidos nessa guerra pelo comando do tráfico e, o que é pior,
com muitos menores envolvidos", disse.
Ainda segundo o
delegado, “isso mudou drasticamente, sendo que hoje o panorama de Sena
Madureira é de uma cidade tranquila”.
Dispensa natalina
A Vara da Infância e
Juventude de Sena Madureira pôde comemorar o retorno dos menores que receberam
autorização para saída natalina sem nenhuma ocorrência de ato infracional ou
descumprimento das obrigações impostas na medida. O objetivo foi permitir
que adolescentes sob medida de internação passassem o período de festividades com
as famílias.
O benefício foi
concedido a 14 adolescentes que estão cumprindo medida de internação. Embora
inicialmente não haja previsão legal, a medida foi concedida visando observar a
autodeterminação dos jovens.
A juíza Andréa Brito
esclareceu que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não prevê,
expressamente, procedimento para a execução das medidas socioeducativas,
ficando a cargo do juiz da Vara da Infância e da Juventude disciplinar a sua
fase executória.
A ressocialização
consiste num procedimento com várias etapas cumpridas gradualmente, conforme a
resposta do jovem infrator às orientações recebidas. As saídas especiais visam
aferir a eficácia desse "tratamento" reeducativo e avaliar as
condições de seu retorno à comunidade.
Parcerias com instituições
Para obter os
resultados, também foram firmadas parcerias entre o Juizado da Infância local e
diversas instituições, como o Ministério Público Estadual (MPAC), as
secretarias de Assistência Social, de Saúde, de Educação e de Segurança
Pública; a Defensoria Pública e a OAB-AC.
Integrantes
do Sistema de Justiça, elas uniram esforços e promoveram diversas ações para
tentar dirimir a problemática da violência local.
Atuação nas escolas
A Justiça Acreana
também atuou junto às escolas municipais com maior índice de violência. Foram
promovidas reuniões com professores e diretores, ocasião em que a magistrada
Andréa Brito e a promotora Vanessa de Macedo apresentaram palestras acerca das
diferenças entre ato infracional e ato de indisciplina escolar e como enfrentar
de forma eficaz as duas situações.
"Era
comum os diretores e professores ligarem para o fórum noticiando brigas entre
alunos ou mesmo invasão nas escolas por pessoas ligadas ao tráfico de
drogas", declarou a magistrada.
Outro ponto
enfrentado foi a ausência de políticas voltadas ao menor. Nesse sentido, o MPAC
promoveu diversas ações civis públicas com vistas à implementação de
iniciativas voltadas à criança e a aos adolescentes, bem como a devida
responsabilização dos entes omissos.
Acolhimento
Acolhimento
Atualmente Sena
Madureira também conta com abrigo para acolher os menores em situação de risco.
A sociedade e as entidades públicas foram conclamadas a despertarem para a
necessidade da atenção integral a criança e ao adolescente.
Diversas reuniões
foram realizadas, inclusive, com a presença do padre Aguinaldo Soares,
coordenador do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Ele é tido como um
dos mais respeitados nomes do País em matéria de medidas socioeducativas.
Após participar do
encontro promovido pelo Tribunal de Justiça do Acre com o Instituto
Socioeducativo (ISE), ele disseminou seus conhecimentos e experiência em Sena
Madureira, ocasião em que também estiveram presentes o prefeito Mano Rufino,
acompanhado dos secretários da saúde, assistência social e educação.
Também participaram
dessas atividades representantes da Polícia Civil, Polícia Militar, Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS).
Houve ainda ações
voltadas para o enfrentamento das drogas, responsáveis diretas pela maior parte
dos atos infracionais.
Fonte: tjac.jus.br
Gerência de Comunicação - GECOM
Gerência de Comunicação - GECOM
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